Titulo: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Numero de paginas: 175
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Numero de paginas: 175
Sinopse:
"Em Vidas Secas, o autor se mostra mais humano, sentimental e compreensivo, acompanhando o pobre vaqueiro Fabiano e sua família com simpatia e uma compaixão indisfarçáveis. Além de ser o mais humano e comovente dos livros de ficção de Graciliano Ramos, Vidas Secas é o que contém maior sentimento da terra nordestina, daquela parte que é áspera, dura e cruel, sem deixar de ser amada pelos que a ela estão ligados teluricamente. O que impulsiona os seres desta novela, o que lhes marca a fisionomia e os caracteres, é o fenômeno da seca.
Vidas Secas representa ainda uma evolução na obra de Graciliano Ramos quanto ao estilo e à qualidade estritamente literária."
Resenha:
Não precisa ser nenhum profundo conhecedor da obra de Graciliano Ramos para saber que o escritor sabe adentrar nas feridas sociais das mais diferentes maneiras. Nesse romance o autor escarra uma realidade suja, mórbida e com um teor de conformismo dos personagens.
Aqui o autor joga de cara uma família abandonada que tenta a sobrevivência na caatinga, mas talvez o que mais choca a princípio quando passado todo horror das descrições é quando o leitor percebe que o cansaço de quem está vivendo aquilo é somente físico sendo que mentalmente o ser humano se demonstrou conformista com a vida miserável e vivida desde sempre sem muitas esperanças.
Muito bem divido em capítulos conhecemos os personagens de modo que quase todos realmente não nos oferecem algo que acrescente algum valor senão a sobrevivência. Esse clássico relata um período em que quem tinha o mínimo de recursos também dominava o poder de massa, proletários que apenas sobreviviam de acordo com o que era oferecido e não tinham nem argumento para qualquer questionamento.
Para aumentar a tortura do ser humano tem o pai de família que mal consegue expressar suas agonias por falta de um vocabulário mais amplo e que sonharia em um dia ser como Tomás da bolandeira que pronunciaria palavras difíceis e era admirado, porém tivera o mesmo destino de todos no sertão. Temos uma mãe que sempre foi sonhadora, é a mais inteligente, mas com o tempo seu sonho se resumiu apenas a vontade de ter uma cama para dormir. Duas crianças cascudas que somente conheceram a vida dura do sertão e que como todo o resto da família viviam somente para sobreviver e sonhando ser um dia igual ao pai.Por fim um dos pontos altos, a cachorra Baleia que é tratada como gente, humanizada em vários momentos e muito querida das crianças. Presenciamos em alguns momentos o autor ver o sertão pelos olhos de Baleia.
Portanto aqui se tem a sobrevivência e o conformismo, pessoas que com o passar do tempo se tornam animais e somente sobrevivem. Humanos que não se sentem bem em usar uma roupa melhor ou se quer um sapato. Cristãos que temem o pecado mas mal sabem eles que fazem parte de um, que chegam a dizer; Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.
O que tiramos daqui é uma lição de como sofrer em silencio e por muitas vezes é por não achar palavras que o expressem, e que que termina com o sertão da desesperança vomitando homens fortes e brutos que sobreviveram para a cidade.
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