Obra: Dom
Casmurro
Autor: Machado
de Assis
Editora: Nobel
Numero de
páginas: 287
SINOPSE:
"Bentinho
e Capitu são criados juntos e se apaixonam na adolescência. Mas a mãe dele, por
força de uma promessa, decide enviá-lo ao seminário para que se torne padre. Lá
o garoto conhece Escobar, de quem fica amigo íntimo. Algum tempo depois, tanto
um como outro deixam a vida eclesiástica e se casam. Escobar com Sancha, e
Bentinho com Capitu. Os dois casais vivem tranquilamente até a morte de
Escobar, quando Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de sua esposa e
percebe a assombrosa semelhança do filho Ezequiel com o ex-companheiro de
seminário."
RESENHA:
Nesta obra de
Machado, o clássico Dom Casmurro, o que se apresenta ao leitor? Sabe-se que no
final, os leitores de minha geração sempre reinam a grande dúvida, Capitu traiu
Bentinho?
Machado com
grande maestria consegue colocar ambiguidade nesta trama, pois o narrador é o
próprio protagonista da história, após ficar sozinho na vida, de perder, o
amigo Escobar e sua esposa, perder a própria esposa e o filho, ele conta sua
história de vida como que justificando suas desconfianças e angustia com
relação a sua esposa.
A obra em si não
apresenta de forma clara, nem provas concretas do ato de traição de Capitu,
muito pelo contrário, sempre que ele faz uma afirmação, em seguida vem uma
negação, em uma parte do romance ele se diz esquecido, ora desviando o assunto
de forma pertinente, ora mostrando fora de propósito, e em um momento diz ter
inveja de quem tem boa memória. Tornando assim, sua versão da história questionável.
Ele começa a
história nos apresentando seu encantamento pela sua vizinha Capitu, no qual não
é da mesma classe social que a sua. Há de se levar em consideração o contexto
histórico daquela época, onde o machismo predomina, tornando assim confuso a versão de bentinho que tenta ser convincente
por si só. Essa é uma das críticas apresentada nessa obra pelo autor.
Em seguida vem a
separação deles na adolescência, no qual Bentinho por conta de uma promessa de
sua mãe vai parar em um seminário, onde conhece Escobar, que se tornará seu
melhor amigo e causa das acusações de traição sobre a Capitu. Mas isso só
ocorrerá anos depois de convívio, entre os casais, Bentinho e Capitu, e Escobar
e Sancha. Pois eles viveram em harmonia por vários anos.
Mas após Escobar
morrer afogado no mar, em seu enterro começa a paranoia de Bentinho, tendo a certeza do adultério após discretas lágrimas sair dos olhos de sua esposa. A partir
desse momento acaba a paz entre eles. Em minha opinião o amor já não existia. Depois
de separados cada um segue sua vida, porém quando Capitu morre, seu filho
Ezequiel volta, entretanto, logo é despachado para o oriente, no qual, o
protagonista já destilava todo seu ódio pelo filho por pensar ser fruto da
traição de sua mulher, por enxergar nele uma semelhança física com Escobar.
Um homem já de
idade avançada, só e amargurado escreve sua história, tentando explicar e convencer
os leitores de que ele é a vitima, de que foi traído. Machado nos apresenta uma
obra que brinca com nosso psicológico, nos fazendo envolver em um drama no qual
nos deixas na dúvida. Em um julgamento com base em provas concretas, Capitu
seria absolvida, porém se aconteceu ou não, só caberia nosso ilustre autor
revelar. Mas para mim a magia dessa obra está na dúvida eterna que ele semeou
em nossas cabeças.
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