Ler, escrever & amar: Estupro literário


Então cá estamos nós de novo, hoje escolhi um assunto bem complicado e interessante para abordar, o estupro literário, ou seja o ato do estupro dentro de uma estória, há dois dias atrás assisti um grande debate sobre isso em um grupo que participo e pensei em esclarecer algumas dúvidas que percebi serem recorrentes.
Em tempos de estupro coletivo sendo assunto diariamente na mídia nada mais pertinente.

PRIMEIRO E MAIS IMPORTANTE a se dizer é que não tem essa de romantização do estupro, estupros, assassinatos, mortes, pedofilia, tortura, violência tudo isso TAMBÉM faz parte do universo literário e portanto aparecem por vezes em alguns textos, você não é assassino porque escreve sobre, não é ladrão se criou um personagem tal que o é, portanto, logicamente que não é um estuprador ou simpatizante deste ato VIL E COVARDE porque escreve sobre, ahh mas Moura eles assim incentivam o estupro, o personagem dele estava sentindo prazer e etc, óbvio, é um vilão ou um mau caráter, tenho certeza que mocinhos e heróis não estupram, não batem em mulher, não matam degoladas suas noivas, não atiram na cabeça de um bebê, estes são os vilões, ou seja, o mal personificado na estória em que aparece e se assim não for e cometer tais atos automaticamente se torna.
Se um escritor está criando um romance policial e o vilão tem distúrbios sexuais ele precisa demonstrar o quão pervertido ele é, violento, cruel, isso é importante e imprescindível para a construção do personagem.
Se ele mata, rouba, come carne humana, lincha negros e gays ou seja lá o que for é porque é o vilão, o contraponto, a outra face da moeda, não o autor, porque pensemos, se no entendimento de alguns ele é um estuprador em potencial por escrever sobre estupros, se torna um milionário em potencial por escrever sobre um ganhador da loteria?
É eu sei não tem lógica, o politicamente correto tem limites assim como tudo na vida, então por favor parem de tentar limitar a ficção, é impossível.

SOBRE O ESTUPRO COLETIVO ACONTECIDO NO RIO DE JANEIRO

Este é nojento, preocupante e aterrador, não vejo nada que me assuste em uma notícia onde trinta e poucos marginais estupraram alguém mas fico preocupado quando percebo que alguns invertem os valores, a culpa nunca é da vítima, que sim poderia não estar ali, não usar drogas, não usar roupas curtas, não isso, não aquilo, o porém é que nenhuma destas atitudes apontadas por uns e outros dá o direito de quem quer que seja estuprar um ser humano, encerro a coluna de hoje com um pequeno texto de minha autoria para reflexão.


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                                         ELA MERECEU

Lúcia era o orgulho dos pais, havia passado para medicina havia quatro meses, virgem, frequentava a igreja todos os domingos e fazia visitas a orfanatos, era o que se poderia chamar de "mulher para casar", em uma noite de frio esqueceu seu casaco em casa tão atrasada que estava para a faculdade, era dia de prova, precisou ficar até um pouco mais tarde na faculdade para pôr a matéria em dia com uma amiga, na volta, sozinha altas horas da noite em uma rua erma e sem policiamento foi estuprada e morta.
Quando a notícia apareceu na TV no dia seguinte Jaime e seu irmão se preparavam para mais um dia de trabalho, eles jamais haviam ouvido falar de Lúcia antes, mas quando a viram ensanguentada no chão de um beco escuro com um vestido levemente decotado Jaime olhou para o seu irmão e riu, seu irmão balançou a cabeça e disse:

-Um frio destes e ela com um decote destes na rua?

Ao que Jaime respondeu.

Sei bem a faculdade que este tipo faz, porra nem um casaquinho para disfarçar, tava procurando, encontrou.

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FRASE LITERÁRIA DE HOJE

Bom seria se o homem aprendesse a amar antes de qualquer outra coisa.

Biografia de Nelson Mandela

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